O delegado titular da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) de Vilhena, Drº Núbio Lopes de Oliveira, concedeu coletiva de imprensa no final da tarde desta quarta-feira, 24 de Outubro, para anunciar a conclusão do inquérito da morte brutal do cabaleireiro Daniel Reis de Camargo, 38 anos, que foi incendiado pelo marido, com o qual foi casado no papel, identificado como Ozéias Cassimiro de Camargo, 33 anos. Crime ocorreu dentro da casa dos envolvidos, na rua 10-207, no bairro Moysés de Freitas, no último dia 23 de Setembro de 2018.
Oziel se apresentou a Polícia Civil na manhã da última terça-feira, 16 de Outubro, ocasião em que no depoimento, alegou ter ocorrido um acidente. Segundo ele, após um desentendimento, ele viu Daniel dentro do salão com um galão de gasolina e ao tentar retirar o galão da mão do marido, houve uma explosão, culminando nas queimaduras no corpo da vítima.
No entanto, tais argumentos são inverídicos e contradizem todas as provas testemunhais e periciais apontadas pela investigação. O delegado então concluiu o inquérito e indiciou Ozéias pela pratica de homícidio duplamente qualificado.
Tais conclusões, segundo Núbio, foram possíveis através do depoimento de testemunhas que conversaram com Daniel em seus últimos momentos de vida, antes, durante e após o crime. Segundo estas pessoas, o cabeleireiro apontava Ozéias como autor do crime e inclusive, demonstrava tristeza ao confirmar que o próprio marido, com quem dividiu anos de vida, teria cometido tal barbarie. Daniel também havia declarado que o marido seria o autor do crime, aos bombeiros militares que o socorreram e a própria mãe, já no Hospital Regional de Vilhena, na presença de outras testemunhas, ouvidas pela investigação, da equipe altamente qualificada da Divisão de Homicídios.
Um fato de grande relevância, confirmado pelas investigações, é que às 13h21 minutos do dia do crime, Daniel ligou para uma amiga e disse: “Amiga, estou queimando. Ozéias me tacou fogo.” Ela chegou a desacreditar em primeiro momento, mas, ao perceber que tal fato teria mesmo ocorrido, disse: “então sai daí amigo”; tendo como resposta da vítima as palavras: “não dá amiga, Ozéias me trancou aqui”. Daniel ainda nesta ligação, disse a amiga que “mais tarde se encontrariam e ele falaria como terminado essa história”. Tal fato, demonstra notoriamente que em momento algum, Daniel planejava tirar a vida.
Outro fator de extrema relevância, é que baseado nos cuidados com a aparência e na fase boa em que Daniel se encontrava, jamais ele incendiária o próprio corpo, causando queimaduras de 1º e 2º grau, atingindo 90% de seu corpo. O delegado lembrou que as testemunhas narraram que “mesmo em estado crítico, sem cabelo e com 90% do corpo queimado, Daniel perguntava como estava sua aparência. Ele não tinha noção do quanto era grave o seu quadro”.
Daniel estava em uma fase boa da vida
Os investigadores descobriram ainda, que Daniel não tinha motivos para atentar contra a própria vida, uma vez que estava em um momento muito bom de sua vida, nos negócios e também, reatando os laços de relacionamento com sua filha, fruto de seu primeiro casamento, heterossexual, desfeito antes do início do relacionamento com Ozéias.
Teste de fidelidade motivou o crime
O crime, de acordo com as investigações da Divisão de Homicídios, ocorreu devido a um teste de fidelidade. Tais informações são confirmadas pelas testemunhas. Daniel teria feito um teste de fidelidade, tendo se passado por outra pessoa na sala de bate-papo da UOL, usando outro nome e marcando encontro com Ozéias.
Ozéias teria caído no teste e marcado encontro com a pessoa, que na verdade, tratava-se de Daniel; confirmando então, em teste, para a vítima, que seu esposo teria cometido a infidelidade virtual, traição. Diante da descoberta, o cabeleireiro confidenciu tais informações a uma amiga, antes de tudo acontecer, no dia em que ocorreram os fatos. Ele que disse que “colocaria um fim no relacionamento” e viveria sozinho dali em diante.
Vizinhos narraram briga entre o casal, com palavras de baixo calão e ofensas
Ao descobrir a traição, Daniel teria tido uma briga com Ozéias, onde durante um bate-boca, ambos trocaram ofensas e palavras de baixo calão, que não convém serem ditas na matéria.
Do homicídio
Ozéias trabalhava numa campanha eleitoral e por isso, tinha vários galões de gasolina em sua casa, utilizados para abastecimento de motos e carros na campanha. Após o bate-boca e as ofensas trocadas pelas partes, o acusado teria se apossado do galão e jogado gasolina sobre o corpo de Daniel, dentro da casa e ateado fogo.
Daniel encontrava-se sentado em uma cadeira, quando o acusado jogou a gasolina e tão logo ateou fogo no corpo da vítima, deixando a vítima trancada em um cômodo da casa, sem quaisquer chances de apagar as chamas. Em seguida, o próprio acusado apagou as chamas com água, foi até o salão, ateou fogo em poucas coisas e logo apagou as chamas.
Desespero e pedido de socorro
A vítima então conseguiu abrir o portão da casa e sair para a rua pedindo por “socorro” e dizendo que Ozéias teria o incendiado. Na ocasião, dois cachorros de propriedade do casal saíram para a rua e foram em direção a Daniel.
Ozéias saiu para a rua, pegou os cachorros, levou-os para dentro do quintal, montou na moto, colocou o capacete, saiu para fora, disse para o cabeleireiro: “isso é para você aprender” e em seguida evadiu-se do local. Todos os fatos foram narrados por moradores e testemunhas chaves do crime.
Inquérito concluído
Agora, o inquérito foi enviado ao Fórum Criminal, que deverá marcar audiência para a condenação do acusado pela pratica dos crimes cometidos.
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Fonte: Rota Policial News