Iluminação noturna e casos de maus-tratos motivam alerta de especialistas para preservação de corujas em SC

A coruja-buraqueira, Athene cunicularia, é uma espécie facilmente encontrada em centros urbanos de cidades no Litoral catarinense, sendo vítima frequente de ações humanas.

Casos de maus-tratos envolvendo corujas impactam negativamente na preservação da vida dessas aves no Litoral Norte catarinense.

Além disso, ambientalistas preocupados com a sobrevivência desses animais, também alertam para a iluminação instalada no locais que são fontes de alimentos e áreas de movimentação.

Corujas na Praia Central em Navegantes — Foto: Prefeitura de Navegantes/ Divulgação

A coruja-buraqueira, Athene cunicularia, é uma espécie facilmente encontrada em centros urbanos, sendo vítima frequente de ações humanas.

Segundo a doutora Vanessa Kanaan, a ave tem o hábito de fazer ninhos no solo e por isso, com a expansão imobiliária e agrícola, está perdendo espaço e seu habitat natural.

Em Navegantes, uma coruja-buraqueira morreu após ser atingida por um chinelo arremessado por um pedestre na orla da Praia Central.

O suspeito ainda não foi identificado e o crime teria ocorrido no sábado (29).

Após o caso, a prefeitura instalou 11 placas de preservação na área de restinga.

As estruturas com a imagem de uma coruja indicam que o local é uma área de proteção e que maltratar animais silvestres é crime ambiental previsto no artº. 29 da Lei de crimes ambientais nª 9.605/98.

Segundo o Instituto Ambiental do município, a instalação das placas tem o objetivo de levar o conhecimento das pessoas da importância de respeitar o habitat natural desses animais, evitando que as corujas sejam caçadas, molestadas ou ter os ninhos destruídos.

Em caso de maus-tratos, as pessoas podem fazer denúncias pelo telefone (47) 3185-2015.

Iluminação noturna

A nova iluminação na área de restinga da Praia Brava, em Itajaí, também gerou um alerta de ambientalistas, já que a ave também tem hábitos noturnos.

“A coruja, por ser uma ave de rapina, tende a alçar voo e atacar de maneira que surpreenda a caça. A iluminação prejudica justamente nisso, na alimentação, porque ela sente dificuldade na caça”, explicou Marcos Pereira, facilitador do Greenpeace em Itajaí.

A prefeitura garantiu que não há comprovação científica sobre o impacto desse tipo de luz nos animais, mas está monitorando a área através do Instituto Itajaí Sustentável para fazer uma pesquisa e chegar a alguma conclusão.

O município ressaltou que a iluminação é desligada às 23h, o que permite um tempo de escuridão para os animais.

Sobre a coruja-buraqueira

Placa sinaliza área de proteção de corujas — Foto: Prefeitura de Navegantes/ Divulgação

A coruja-buraqueira é encontrada em praticamente toda a América, entre o Canadá e a Terra do Fogo, no extremo Sul.

Diferentemente de outras espécies de corujas, a buraqueira tem hábitos também diurnos.

Segundo a bióloga, elas possuem audição apurada e conseguem girar o pescoço a 270º, o que aumenta o campo visual e facilita a caça. Na dieta estão incluídos insetos, roedores, repteis, anfíbios e pequenos mamíferos.

As corujas acompanham a história do homem desde a antiguidade, e, de acordo com a tradição, eram conhecidas como símbolos de sabedoria, nobreza e força.

O fato de serem o topo da cadeia alimentar junto com outras aves de rapina faz com que sejam predadoras exemplares.

“Elas chamam a atenção por serem a espécie de coruja mais comum e conhecida no Brasil, por também possuírem hábitos diurnos e por habitarem áreas urbanizadas, podendo ser visualizadas com mais facilidade do que outras espécies”, explica Vanessa.

Uma das curiosidades a respeito da ave é a monogamia. A época de reprodução ocorre entre março e abril e, enquanto a fêmea coloca os ovos, o macho providencia a alimentação. Além disso, quando os filhotes estão no ninho, eles são cuidados pelo macho.

Apesar de ainda ser considerada comum na América do Sul, essa espécie encontra-se em declínio em algumas regiões do hemisfério Norte.

Iluminação na área de restinga da Praia Brava, em Itajaí — Foto: Fabiano Correia/ NSC TV

“Ela é considerada ameaçada de extinção no Canadá e algumas regiões dos EUA, devido à perda de habitat e envenenamento por agrotóxicos”, explica a doutora Vanessa.

Fonte: G1 SC

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