O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Paulínia, que o preço dos combustíveis estão defasados. Lula afirmou que ainda não recebeu “nenhuma informação” sobre aumento. “Eu acho que temos de reconhecer apenas que o petróleo custava US$ 30 o barril e está custando US$ 120. A última vez que aumentou a gasolina foi em 2005. Portanto, nós temos uma defasagem”, disse após inauguração de fábrica da Braskem em Paulínia (SP).
O presidente disse ainda que não quer “fazer insinuação” sobre eventual aumento dos combustíveis e que qualquer reajuste ainda será estudado.
Lula disse que o governo teme os efeitos de um reajuste sobre a meta de inflação. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou em meio ponto a taxa básica de juros na semana passada por causa de pressões inflacionárias. “Nós temos que olhar que qualquer aumento de qualquer coisa na área de combustível, qual será a implicação que tem na inflação antes de tomar qualquer medida.”
Como a Folha revelou na quinta-feira, a possibilidade de alta na gasolina e no diesel foi considerada na última reunião do Copom, apesar de os modelos estabelecidos pelos diretores do BC ainda manterem oficialmente a projeção de que não haverá reajuste em 2008, um dos cenários debatidos levou em conta a hipótese e pesou na decisão final.
Dentro do governo, segundo a Folha apurou, a avaliação é que seria melhor diluir logo o efeito do reajuste na inflação deste ano. Isso evitaria o acúmulo de pressões inflacionárias nos preços administrados em 2009.
Durante o discurso ontem, Lula criticou a comunidade internacional que tem incluído o álcool brasileiro como um dos vilões da inflação dos alimentos e conclamou políticos, empresários e imprensa a se preparar para a “guerra” que será defender os biocombustíveis.
Sobre a agenda que o trouxe a Paulínia, o presidente cobrou da Petrobras uma atitude de apoio ainda maior ao setor petroquímico brasileiro. Segundo ele, o setor precisa da Petrobras para ser forte o suficiente para disputar o mercado internacional. Disse que cobrou e quase “impôs” o envolvimento da estatal como sócia do setor e como organizadora da indústria. No ano passado, a Petrobras anunciou investimento de US$ 2,9 bilhões para voltar ao setor petroquímico como sócio minoritário em dois grandes grupos, um no Sudeste (com a reunião dos ativos da Unipar e da Suzano Petroquímica) e com a Braskem, empresa controlada pelo grupo Odebrecht.
A inauguração da unidade que produzirá 350 mil toneladas de polipropileno, plástico muito utilizado no setor automotivo e de eletrodoméstico, marcou esse movimento de retorno da Petrobras. Do investimento de R$ 700 milhões, 40% vieram da Petrobras.
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